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Projeto
REDE DE COMPARTILHAMENTO DE DADOS E DIVULGAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – RIMA
APRESENTAÇÃO
As Unidades de Conservação (UCs) representam um patrimônio nacional de valor inestimável, com enorme potencial para promover benefícios significativos ao bem-estar e desenvolvimento humano. São áreas voltadas à manutenção da biodiversidade, à proteção de espécies ameaçadas e à promoção do desenvolvimento sustentável, além de proporcionar meios e incentivos para a realização de pesquisas, educação ambiental e lazer. As Unidades de Conservação ocupam em torno de 17% do território brasileiro, em diferentes categorias e esferas de gestão. No estado do Espírito Santo (ES) o presente estudo contabilizou 121 Unidades de Conservação protegendo, aproximadamente, 10,5% dos remanescentes de Mata Atlântica. Com o objetivo de reunir dados essenciais para o conhecimento, o monitoramento e a avaliação das UCs neste estado, o projeto “Rede de Compartilhamento de Dados e Divulgação da Mata Atlântica no Estado do Espírito Santo (RIMA-ES)” apresenta, nesta publicação, dados que podem ser utilizados para o planejamento de estratégias e ações no intuito de implementar a proteção da biodiversidade deste bioma.
O Projeto é fruto de uma parceria do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) com o Estado do Espírito Santo, contando com recursos do Fundo Estadual de Meio Ambiente (FUNDEMA), envolvendo a participação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEAMA), do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA) e gestão da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES). Esta iniciativa, que tem dentre seus produtos a presente “Síntese”, dá um passo importante na organização e disponibilização das informações sobre a biodiversidade da Mata Atlântica no Espírito Santo, contribuindo com as bases para a implementação de um programa de desenvolvimento científico no âmbito da Mata Atlântica capixaba, de grande relevância para conservação, restauração e valorização dos serviços ecossistêmicos prestados por este bioma.
DADOS COMPLEMENTARES
Mais informações no portal GOV.BR : https://gov.br/inma/rima/
Dados Espaciais disponíveis em: https://rede.inma.gov.br/geoserver
Informações e dados de botânica levantados: Botânica
Informações e dados de zoologia levantados: Zoologia
SÍNTESE DA BIODIVERSIDADE EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
Realização
GOVERNO DO BRASIL
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Jair Messias Bolsonaro
Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações
Marcos Cesar Pontes
Diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica
Sérgio Lucena Mendes
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
Governador do Estado do Espírito Santo
José Renato Casagrande
Secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Fabricio Hérick Machado
Diretor Presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Alaimar Fiuza
Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação ProfIssional
Cristina Engel de Alvarez
Diretor Presidente Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo
Denio Rebello Arantes
Instituto Nacional da Mata Atlântica
Síntese da biodiversidade em unidades de conservação no estado do
Espírito Santo / Instituto Nacional da Mata Atlântica. – Santa Teresa, ES:
Instituto Nacional da Mata Atlântica, 2021.
190 p. : il..
Inclui bibliografia.
E-book disponível em: http:
1. Biodiversidade - Brasil. 2. Mata Atlântica – Brasil. 3. Mata Atlântica
– Espírito Santo. 4. Unidade de conservação – Espírito Santo I. Instituto
Nacional da Mata Atlântica II. Título.
CDU 574.1(815.2)
Bibliotecária: Paula Carina de Araújo - CRB9/1562
PROJETO
Rede de Compartilhamento de Dados e Divulgação da Mata Atlântica no Estado do Espírito Santo
Resolução FAPES N° 189/2017
EXECUÇÃO
Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA)
instituições de apoio
Fundo Estadual do Meio Ambiente – FUNDEMA
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEAMA
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo - FAPES
COORDENADOR
Sérgio Lucena Mendes
EQUIPE EXECUTORA
Adriana dos Santos Lopes
Camilla Martins Botelho
Cristina Jaques da Cunha
Izabella Martins da Costa Rodrigues
Josiene Rossini
Leonardo Ferreira da Silva Ingenito
Lorena Tonini Freitas
Renata Henrique Mota
Ricardo da Silva Ribeiro
Geoprocessamento e revisão
Leandro Meneguelli Biondo
Mileide de Holanda Formigoni
Pesquisadores colaboradores
Ana Carolina Srbek Araújo, Antônio de Pádua Leite Serra de Almeida, Claudia Almeida Sampaio, Charles
Gladstone Duca Soares, Claudio Nicoletti de Fraga, Frederico Falcão Salles, Felipe Zamborlini Saiter,
Douglas Zeppelini, Gustavo Braga Rosa, Helio de Queiroz Boudet Fernandes, Isabela Galarda Varassin,
Joana Zorzal Nodari, João Paulo Hoppe, Joseany Trarbach, Juliana Paulo da Silva, Luana Silva Braucks
Calazans, Luiz Ceotto, Luiz Fernando Duboc da Silva, Mariana Petri da Silva, Marinez Ferreira de Siqueira,
Osvaldo Paloma Marques Santos, Renata Valls Pagotto, Renato Silveira Bérnils, Rodrigo Barbosa Ferreira,
Salim Calil Salim Neto, Savana de Freitas Nunes, Vilacio Caldara Junior.
FOTOGRAFIAS
Leonardo Merçon - Instituto Últimos Refúgios
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO
Comunicação Impressa
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===== A BIODIVERSIDADE E O BIOMA MATA ATLÂNTICA =====
o biodiversidade refere-se à diversidade biológica responsável pela variedade de formas de vida em todos os níveis, desde
micro-organismos até flora e fauna silvestres, além da espécie humana.
Contudo, essa variedade de seres vivos não deve ser visualizada individualmente, e sim em seu conjunto estrutural e funcional, na visão
ecológica do sistema natural, ou seja, no conceito de ecossistema.
Nesse sentido, a biodiversidade não compõe apenas a diversidade
genética das espécies vivas, ou unidades evolutivas básicas, mas é
também o componente de suporte à continuidade da vida na Terra
(Joly et al., 2011). Ou seja, a heterogeneidade do ambiente possibilita
a diversidade, e, ao mesmo tempo, é considerada função de si mesma
(Bensusan, 2006).
A evolução dos neotrópicos (região biogeográfica da América do
Sul, Central e Sul da América do Norte) foi singular devido ao completo
isolamento pós-soerguimento dos Andes, desde o Cretáceo até o final
do Terciário, que gerou a mega diversidade de espécies encontradas
aqui atualmente (Antonelli, 2010; Joly et al., 2011). Em contraste, as
diferentes formas de uso da terra exercem implicações relevantes na
fragmentação de habitats, levando algumas populações a sofrerem um
grau de ameaça de extinção. Várias fontes científicas são categóricas
em afirmar que estamos vivendo a sexta extinção em massa, provocada
pelos seres humanos. O cenário original do continente sul-americano
foi completamente modificado com a chegada do homem que praticava
caça de algumas espécies até a sua extinção, provocando alterações,
em pequena escala, de regiões costeiras e fluviais, e ocupando florestas para implantação de diferentes sistemas de cultivo. A chegada
dos europeus instituiu uma fratura temporal, devido ao incremento exponencial de alterações antropomórficas da biosfera e da atmosfera
(Joly et al., 2011; Franco et al., 2012).
No âmbito dos neotrópicos, a formação da Mata Atlântica merece destaque. Segundo a definição do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), a Mata Atlântica é o “conjunto de vida (vegetal e
animal) definido pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e
identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares
e história compartilhada de mudanças, resultando em uma diversidade
biológica própria”. O bioma abrange cerca de 15% do território nacional, estando presente em 17 estados brasileiros (SOS Mata Atlântica,
2019), dentre eles o Estado do Espírito Santo, que tem a totalidade
do seu território continental inserido neste bioma. A Mata Atlântica
está entre as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade e
entre as 25 áreas prioritárias de conservação no mundo, devido ao
alto nível de diversidade de espécies, endemismo e sua vulnerabilidade às ameaças contínuas, sendo, portanto, considerada um hotspot
da biodiversidade. As formações florestais de ocorrência natural no
bioma (Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, Floresta
Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual e Floresta Ombrófila Aberta) acompanham as características climáticas, de solo e de
relevo, sendo influenciadas pela distância do oceano, altitude e regime
de distribuição de chuvas (Mendes et al., 2014). O bioma apresenta um
elevado número de alterações fisiográficas naturais (e.g. instabilidades
geológicas e variações no nível do mar), que no decorrer do tempo foi
responsável pelo isolamento e união de diversos ambientes aquáticos.
Tais variações ambientais resultaram em diversos eventos biológicos
e evolutivos que, por sua vez, deram origem à alta biodiversidade
(MMA, 2020). Por exemplo, Mais de 20 mil espécies de plantas vivem
neste bioma e cerca de 8 mil são endêmicas (Myers et al., 2000). Essa
excepcional diversidade biológica auxilia na proteção de importantes
mananciais, garantindo água para o consumo humano, agrícola e industrial, contribuindo, ainda, com o controle da erosão, regulação climática,
polinização da agricultura, dentre outros serviços ecossistêmicos.
Apesar de todos os serviços fornecidos pela Mata Atlântica, o
processo de uso e ocupação humana fez com que a vegetação natural
mais bem preservada se resumisse a apenas 13,1% (SOS Mata Atlântica & INPE, 2019). A Mata Atlântica sofreu o mais intenso processo de
devastação florestal do país (Dean, 1996) e, em função do alto grau de
destruição e consequente fragmentação, é considerada um dos biomas
mais ameaçados do mundo (Myers et al., 2000). É relevante destacar
o fato de que 31,6% de todas as espécies de plantas, animais e fungos
nativos da Mata Atlântica sofrem algum grau de ameaça de extinção
(MMA, 2020). No âmbito da fauna, são 518 espécies de anfíbios, sendo que 37 estão ameaçadas de extinção (Toledo & Batista, 2012), 268
espécies de répteis, destas, 39 encontram-se ameaçadas (Costa et al.,
2014), 850 espécies de aves, 270 de mamíferos e 350 espécies de peixes
(MMA, 2020).
Este cenário de devastação, ao longo do contínuo na Mata Atlântica brasileira, ocorreu em todos os estados e, no Espírito Santo, não
foi diferente. Originalmente, os 46.095 km2
de área do estado eram
cobertos pelo bioma Mata Atlântica, banhados por 16 bacias hidrográficas, todas vertendo para o mar (Paiva, 2004) e totalmente inseridos
na Ecorregião Aquática da Mata Atlântica Nordeste (Abell et al., 2008).
Contudo, atualmente esse cenário está reduzido a apenas 10,9% de
vegetação nativa remanescente bem preservada, localizada, principalmente, na região central do estado (SOS Mata Atlântica & INPE, 2019).
O resultado é uma paisagem com fragmentos florestais de diferentes
tamanhos, muitos deles isolados e com tamanho reduzido para a manutenção de populações de espécies em longo prazo
Apesar dos impactos antrópicos, a Mata Atlântica no estado do
Espírito Santo detém expressivo grau de biodiversidade (Dutra et al.
2015), devido à sua heterogeneidade de habitat, com grande variação
de altitude e uma grande diversidade de espécies vegetais. Seu território está localizado no encontro das duas principais feições de Mata
Atlântica do país, a Mata Atlântica de encosta e a Mata Atlântica de
baixada, sobre os Tabuleiros Costeiros. Em seu domínio, são reconhe-
cidas sete formações distintas, segundo o mapeamento realizado em
2017, pelo IBGE: Formação Pioneira, Campinarana, Floresta Estacional
Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa, Contato Floresta Ombrófila/
Formação Pioneira, Contato Floresta Ombrófila/Floresta Estacional e
Campo de Altitude.
Essa heterogeneidade de ambientes, sem dúvida, fornece recursos para uma rica biodiversidade, representada por muitas espécies
ameaçadas e singulares. Para proteger essas espécies e seus habitats,
a rede de Unidades de Conservação tem sido uma das principais estratégias de conservação in situ. No entanto, essas áreas ainda enfrentam
muitas ameaças, tais como caça, atropelamentos, incêndios, presença
de espécies exóticas, disseminação de doenças, extrativismo vegetal,
pondo em risco a riqueza biológica remanescentes